sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
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Acho que não vai ter sol. E mesmo que tivesse, prefiro a noite. Mil e
uma noites. De preferência dentro de uma tenda. Talvez feita de flores. E
com aquele cheiro, almiscarado de Madagascar. Tenho queda por desertos.
E por sombras. Do passado. Esquisito tempo que parece que vai, mas
volta, sempre que a noite vem. Tenho loucura por lembrar. Frases.
Toques. Coisas fora do lugar. Feito o amor. Ou a fuga. O desencontro.
Que favorece tanto um devaneio. Gosto de voltas. Dar voltas entorno. De
pensamentos. Coisas soltas. Desconexas que ainda assim, insistem no
encaixe. Na acomodação. Ou na ilusão de alguma perfeição inatingível.
Ainda lembro oque foi dito. Quando. Quando você pensar em mim. É sempre
quando. Você não estará sozinha. Entrelinha. Conceda-me uma vírgula. Uma
só a mais, só pra ver se eu poderia ser capaz. De me atirar. Nos teus
braços vazios de lógica, e ainda assim, tão óbvios pra mim. Dê-me o
tempo de um ponto sobre outro ponto, pra que eu possa te dizer o quanto.
Sem condições. Só que seja sem sol. E longe da rua. E sem jogo. Sujo de
acusações. Sem desencanto. Sem solavanco. Nada no tranco. Esquece o
barranco. Quero as folhas no chão. Descalçados. Nós dois. Ao som daquela
banda que não toca drama, ou você me faz uma composição, vale até uma
suposição, que é só pra gente ver se ainda acha aquela agulha perdida no
balaio da nossa falta de noção, palheiro de ilusão, que já
foi tanta, que eu acho que até perdi a razão.
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